O secretário de estado da saúde declarou durante o programa da RTP, Prós e Contras, que vai ser nomeado um novo conselho de administração para gerir o futuro Centro Hospitalar do Oeste (CHO), pelo que Carlos Sá, presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar Oeste Norte (CHON), cessará funções.
“Vamos nomear uma nova administração que fará os acertos que considerar pertinentes para a melhor gestão do seu património hospitalar”, revelou Fernando Leal.
O governante anunciou que será criado “um centro hospitalar único para o oeste, fundindo os hospitais de Caldas e Peniche, o centro hospitalar de Torres Vedras e o hospital do Barro. Alcobaça vai migrar para o centro hospitalar de Leiria/Pombal”.
Segundo o secretário de estado, a futura administração “fará a reorganização de profissionais”, sem que “a qualidade seja prejudicada”. “Nós não temos problemas com a localização das urgências, mas com a própria distribuição dos serviços”, disse.
O tutelar da pasta da saúde vai reapresentar uma proposta às autarquias e o seu valor vinculativo “estará dependente da nova administração que será nomeada depois do CHO estar formalizado”.
De acordo com o secretário de Estado, esta a reforma na saúde “deve-se à contenção orçamental”, estando um grupo de trabalho a elaborar o estudo de uma reforma iniciada pelo então ministro da saúde, Correia de Campos.
O secretário de estado da saúde garantiu por último que será Caldas que fica com a urgência médico cirúrgica no Oeste.
Presente neste programa esteve António José Correia, presidente da câmara de Peniche, que mais uma vez exigiu a permanência da urgência básica em Peniche, mostrando-se ainda insatisfeito com a atual gestão do CHON.
“Não estou satisfeito com a administração, nada satisfeito, porque tudo aquilo que foi fazendo, foi o desmantelamento do hospital. Foram feitos projetos para renovação das urgências, com projeto aprovado pelo QREN e o atual conselho de administração reiterou, mas nada foi feito”, disse.
Para o autarca, o mar é uma das argumentações que o levam a defender a manutenção das urgências, uma vez que “a sete milhas para dentro do mar serão 60 minutos de Peniche e se um doente for para Caldas ou até para Torres Vedras, então devem fazer contas a esse tempo”.
Para Carlos Miguel, presidente da câmara de Torres Vedras, o estudo diz que a cidade passará ter uma urgência básica, sendo esse o principal problema.
“A realidade é que a urgência de Torres ou de Caldas servem em média/dia cerca de 250 e o que se pretende é que Caldas passe a servir 500 pessoas/dia.
É um padrão que Caldas reconhece não ter capacidade e o mesmo acontece em Torres Vedras”, afirmou, argumentando que “será irracional a população fazer 120 km para ir para Santa Maria depois de passar por Caldas”.
Mais satisfeito com estas mudanças mostrou-se Fernando Costa, presidente da câmara das Caldas, que indicou estar “farto de pensar”, apelando para “andar para a frente, porque o país não pode parar”.
O autarca mostrou-se preocupado porque um médico disse no programa que “uma em cada dez pessoas que vai ao hospital tem a probabilidade de ficar mais doente do que ia”.
O presidente da câmara mostrou-se igualmente receoso porque os conselhos de administração são sempre compostos por nomeados perto dos partidos ou por médicos mais conhecidos e como tal concorda com a profissionalização da administração hospitalar.Fernando Costa defendeu ainda que “o hospital do Oeste já deveria ter sido feito”, quando existem outros que “estão às moscas”.
Também satisfeito ficou Paulo Inácio, presidente da câmara de Alcobaça, que viu o secretário de Estado da Saúde confirmar o seu pedido, ao remeter cerca de 80 por cento da população para Leiria.“Alcobaça passará para a Leiria, uma vez que a nossa experiência com o Oeste não foi a mais feliz.
Alcobaça é o maior território do Oeste e o segundo em população e é o segundo concelho mais populoso do distrito de Leiria.
A nossa solicitação ao ministério da saúde foi que 80 por cento da população remetesse para Leiria, com a exceção de três freguesias – São Martinho do Porto, Alfeizerão e Benedita – ficarem ligadas a Caldas”, disse, exigindo que “a valência do hospital Bernardino Lopes tem de ter numa resposta transversal”.
Carlos Barroso
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