sábado, 25 de dezembro de 2010

CP PONDERA ACABAR COM O ÚNICO COMBÓIO DIRECTO ENTRE CALDAS E COIMBRA

A única ligação directa entre a linha do Oeste e Coimbra (onde se podem apanhar os comboios da linha do Norte e da Beira Alta) está em risco de acabar se a CP executar na íntegra aquilo que tem previsto no seu Plano de Orçamento para 2011.

No documento a que Gazeta das Caldas teve acesso, a empresa – que está fortemente empenhada em cortar nos gastos em virtude da política de contenção orçamental – diz que vai “avaliar” a possibilidade de alterar o percurso dos Inter-Regionais que hoje fazem Caldas-Coimbra para Caldas-Figueira da Foz, terminando assim a ligação directa a outras correspondências.

A concretizar-se, isto significa uma inversão da estratégia assumida há quatro anos, quando a CP, através do seu vice-presidente Nuno Moreira, apresentou nas Caldas uma nova oferta que contemplava quatro ligações directas entre a linha do Oeste e a cidade de Coimbra (e respectivas ligações ao Norte e Beira Alta).

Em Dezembro do ano passado, inesperadamente, a CP cortou duas dessas ligações, sobrando apenas uma em cada sentido. E agora a intenção é acabar com o comboio que sai das Caldas às 16h20 e está em Coimbra às 18h23. Uma viagem de 2h03 horas, um pouco lenta, mas perfeitamente concorrente com a Rodoviária que demora 2h40 pois os Expressos não aproveitam integralmente a A8 e passam por Alfeizerão, S. Martinho, Nazaré e Marinha Grande.

Em relação ao transporte individual, a ligação ferroviária, que custa 9,55 euros é também preferível, sobretudo tendo em conta o preço do combustível e das portagens.

Ou seja, a CP tem vindo a retirar oferta na linha do Oeste precisamente no eixo em que é mais competitiva (Caldas – Coimbra), embora a baixa frequência (só uma ligação em cada sentido) e o desconforto das automotoras sejam desencorajadores do modo ferroviário.

Por outro lado, a CP teima em tratar mal as pessoas do Oeste ao instituir um tarifário absurdo que é um convite para não se viajar de comboio. Em vez de vender uma viagem entre uma origem e um destino, a empresa vai somando todas as etapas até ao fim, tornando os preços incomportáveis. Por exemplo, entre Bombarral e o Porto um bilhete pode custar 16,55 euros ou 20,95 euros consoante o número de comboios em que o passageiro for obrigado a viajar. Um exemplo: Bombarral-B. Lares (8,15 euros), B. Lares-Coimbra (1,80 euros) e Coimbra Porto (11 euros) somam um custo de quase 22 euros.

Desta maneira, a CP (que é único operador ferroviário, mas, pelos vistos, com muitas “mini CP” a complicarem) faz com que os seus clientes tenham muitos transbordos e paguem mais.

Em contrapartida, a linha do Oeste é uma das raras do país que no plano de contenção da CP não será afectada com cortes na oferta. O documento prevê a redução do serviço regional nas linhas do Douro, Minho, Beira Alta, Beira Baixa, Leste, Alentejo e Sul e contempla mesmo a extinção pura e simples dos comboios de passageiros no ramal de Cáceres (que serve Castelo de Vide e Marvão), Beja e Funcheira, e Setil e Coruche.

Deputados do PSD não respondem à Gazeta das Caldas

No dia em que uma comitiva de deputados do PSD realizou uma viagem na Linha do Oeste, entre Lisboa e Caldas da Rainha, a fim de chamar a atenção para o mau funcionamento deste eixo ferroviário, Gazeta das Caldas enviou para o mail pessoal da Assembleia da República de cada um destes parlamentares as seguintes questões:

1. Como explica que, em anterior proposta de um grupo parlamentar da oposição para a modernização da linha do Oeste, o PSD tenha votado contra?

2. Como explica esta visita do ponto de vista político, tendo em conta que o PSD, enquanto partido de poder, nada fez nos últimos 30 anos pela linha do Oeste, apesar de ter feito sucessivas promessas sobre a sua modernização?

3. Que propõe o PSD, em concreto, para a modernização da linha do Oeste?

Contudo, nenhum dos deputados (Miguel Macedo, Duarte Pacheco, Teresa Morais, Pedro Lynce e António Leitão Amaro) respondeu.

C.C.Carlos Cipriano

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Ernâni Lopes sepultado em S. Martinho do Porto

Não eram raras as vezes em que Ernâni Lopes dizia publicamente que era em São Martinho que gostava de ter a sua última morada e que ali tinha adquirido um jazigo, ainda antes de comprar uma casa de férias. E a vontade do antigo ministro das Finanças cumpriu-se na passada sexta-feira.

Aos 68 anos, Ernâni Lopes faleceu, depois de anos a lutar contra um cancro. A notícia da morte de um dos mais respeitados economistas portugueses suscitou desde logo reacções dos mais diversos quadrantes políticos e não faltaram elogios ao homem que nos anos 80 negociou com o FMI e impôs em Portugal um pacote de medidas austeras, entre as quais a criação de um imposto extraordinário no 13º mês. Conhecido por ser um homem firme, Ernâni Lopes nunca se afastou por completo da política, nem que fosse como comentador, um posto que ocupava sem papas na língua. Nas cerimónias fúnebres que tiveram lugar na Igreja das Mercês, em Lisboa, juntaram-se dezenas de personalidades portuguesas. Um cenário diferente das cerimónias que tiveram lugar em São Martinho do Porto. A família tinha pedido uma cerimónia íntima, e assim foi. No cemitério da vila terão estado cerca de três centenas de pessoas, entre populares, amigos próximos e familiares do economista, mas não houve presenças mediáticas.

A ligação de Ernâni Lopes a São Martinho tem na base a família da sua mulher. LER MAIS...