sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Esgotos “inundam” São Martinho

Setembro 16th, 2010 in Jornal das Caldas. Edição On-line Sem Comentários

O Movimento São Martinho do Porto para Caldas da Rainha denunciou a descarga de efluentes domésticos que saiu de tampas de esgoto em vários pontos da vila, no passado dia 4.
Segundo o movimento, a “inundação de efluentes domésticos” teve lugar pelas 14h no Cais, Avenida Marginal e Casal dos Medãos.
Fomos contactados por cidadãos locais, muito indignados com mais este atentado à Baía de São Martinho do Porto. De imediato foram por nós alertadas as entidades competentes, locais e municipais, bem como a própria Polícia Marítima, que esteve no local”, refere.
O movimento culpabiliza “a construção desenfreada”, sustentando que “as infra-estruturas existentes não estão dimensionadas para tamanha falta de planeamento e ordenamento”.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

COMEMORAÇÃO DO DIA MUNDIAL DO MAR


PROGRAMA:
9h30: Recepção dos participantes
9h45: Sessão de Abertura
- Presidente da Direcção do Clube Náutico
- IPTM
- Presidente da CMA
- SET

10h30: Os projectos para o Porto de São Martinho do Porto e campos de Alfeizerão.
- As opções dos técnicos e dos políticos.
- Professor Carlos Moura Martins.

11h15: Coffee Break

11h30: Desenvolvimento Económico e Social – A Pesca e o Turismo Náutico (perspectiva histórica)
- Professor Eduardo Gonçalves Rodrigues

13h00: Almoço

13h30: Regata

APOIOS
PATROCÍNIOS
ENQUADRAMENTO

O Dia Mundial do Mar, criado pelo Conselho de Administração da Organização Marítima Internacional (IMO), foi comemorado pela primeira vez a 17 de Março de 1978, durante a Convenção da Organização Marítima Consultiva Intergovernamental (IMCO), repetindo-se todos os anos.

Actualmente, a comemoração decorre na última semana de Setembro, cabendo a cada Governo determinar o dia exacto em que é celebrado. Esta data é destinada a chamar a atenção para a importância da navegação segura, da segurança marítima e do ambiente marinho e para enfatizar o trabalho da Organização Marítima Internacional.

O Dia Mundial do Mar de 2010 será a 23 de Setembro, subordinado ao tema "Ano do Marítimo", decorrendo as celebrações desde o dia 18 até 30 de Setembro.

No Programa Geral anunciado pelo Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos, IPTM, constam diversos eventos, destacando-se uma “Sessão Comemorativa” e uma “Jornada Temática” em Paço de Arcos no dia 23, uma outra em Almada, entre os dias 20 e 24, bem como, um “Congresso” no Seixal entre os dias 23 e 25 e mais uma “Jor-nada Temática” no dia 30 de Setembro em Penafiel.

15h00: 1º Painel - Planeamento e desenvolvimento das infra-estruturas portuárias.
- Turismo do Oeste (a confirmar).
- Associação de Portos e Marinas de Recreio (a confirmar)
- IPTM (a confirmar)

16h00: 2º Painel - Programas e Políticas para o desenvolvimento de São Martinho do Porto e da Região Oeste.
- Deputados dos partidos com assento parlamentar

17h15: Coffee Break

17h30: Hypercluster do Mar
- Professor Ernâni Lopes

18h30: Sessão de encerramento
- Presidente da Mesa da Assembleia-geral do Clube Náutico
- Presidente da JFSMP
- Presidente da ARH – Tejo (a confirmar)
- SEDAM (a confirmar)

19h00: Entrega de prémios da Regata
- Entrada livre sujeita a inscrição prévia, limitada a 250 pessoas:
- Clube Náutico de São Martinho do Porto

Tel.: 262980290
http://www.cnsmp.org/

 
A RAZÃO DE SER
A comemoração do Dia Mundial do Mar em São Martinho do Porto pretende inserir-se no programa nacional de comemorações promovidas pelo IPTM.

Neste contexto pretende aliar-se uma abordagem do Mar, do Marítimo que desde tem-pos antigos se dedicou à Pesca, hoje em pequena escala, mas que teve e continua a ter um peso significativo no contexto social e económico da população de São Martinho do Porto, a uma visão do Mar, da Baía e das Actividades Náuticas, como uma vertente do desenvolvimento turístico da Região Oeste, que cada vez mais poderá abrir portas para o futuro.

Alcobaça perdeu o Porto de Paredes da Vitória mas soube ao longo da história reco-nhecer a importância do Porto de São Martinho, o qual, face aos desafios e potenciali-dades que o Mar nos coloca e nos oferece, necessita da requalificação das infra estru-turas portuários, da criação de ancoradouros cómodos, funcionais e com a segurança que estas actividades exigem, aliados a serviços de apoio.

Isto, para além de cumprir a sua função, permitiria libertar o espelho de água para o desfrutar em pleno, desenvolver actividades recreativas e desportivas, que a par de outros equipamentos que naturalmente surgirão nas freguesias de Alfeizerão e São Martinho do Porto, irá garantir a sustentabilidade de toda esta zona, contrariando uma sazonalidade, cada vez mais encurtada no tempo.



COMEMORAÇÃO DO
DIA MUNDIAL DO MAR

SÃO MARTINHO DO PORTO
“DO MARÍTIMO DE ANTIGAMENTE
AO MARÍTIMO DOS NOSSOS DIAS”


18 de Setembro de 2010
Iniciativa integrada no programa do IPTM



A criação de empregos directos e indirectos pelo surgimento de actividades e empre-sas relacionadas com estas actividade, o suporte que constituirá para o turismo, substi-tuindo-se à construção como pilar do desenvolvimento sustentável desta região, e motor da qualificação de São Martinho do Porto.

Permitirá divulgar uma estratégia de desenvolvimento económico e turístico da Vila, do Concelho e da Região relacionado com a aposta nas actividades relacionadas com o Mar.

A presença de individualidades, membros do governo, deputados, autarcas, responsá-veis políticos e dirigentes de será uma oportunidade ímpar para firmar um compromisso com uma estratégia de desenvolvimento intimamente ligada ao Mar.

OBJECTIVOS

A Comemoração do Dia Mundial do Mar em São Martinho do Porto pelo Clube Náutico pretende mostrar a sua capacidade para realizações diversificadas relacionadas com o Mar, para além dos tradicionais eventos, apresentar-se como parceiro, capaz de assu-mir a gestão do Porto, de liderar projectos de formação ao longo do ano com as Esco-las e organizar eventos desportivos a nível nacional e internacional.
Comprometer todas as entidades, Governo, Autarquias, Organismos da Administração Pública, sectores de actividade e população em geral, com um único objectivo – PORTO DE PESCA / PORTO DE RECREIO – com o desenvolvimento de São Martinho do Porto.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA sobre a Gruta de Salir do Porto no Centro Cultural e Recreativo de Salir do Porto

Setembro 9th, 2010 1 Comment

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Gruta de SalirAté final de Setembro, decorre no CENTRO RECREATIVO E CULTURAL DE SALIR DO PORTO uma Exposição Fotográfica sofre esta autêntica maravilha da Natureza.
As visitas poderão ser feitas todos os dias da semana das 13: 00 horas às 23:00 h
A gruta de Salir do Porto é considerado tanto pelos entendidos como pelos “leigos” que a visitaram, como uma das grutas mais bonitas de Portugal a nível de formações: Estalactites, Estalagmites, Rebentos de Soja, Dentes de Tubarão, Excêntricas, Couve-flor, Cara de Bacalhau, Coro netos, e outros…mas, nada melhor de que visitar a nossa exposição e…“Comprovar com os vossos olhos, aquilo que as palavras dificilmente podem descrever”
A organização desta EXPOSIÇÃO é do ADN- Amigos da Natureza das Caldas da Rainha* e conta com o Apoio da CAMARA MUNICIPAL DAS CALDAS DA RAINHA e a colaboração do Centro Cultural e Recreativo de Salir do Porto e da Junta de Freguesia de Salir do Porto * Departamento Técnico da Escola de TAEKWON-DO/TAO CHUNG SIN-DO das Caldas da Rainha.
…um pouco sobre SALIR DO PORTO
Noticiar esta Exposição e não escrever um pouco sobre a freguesia de SALIR DO PORTO, seria quase um “crime” para esta terra e para as suas simpáticas gentes…
SALIR DO PORTO é sede de Freguesia e faz parte do concelho das Caldas da Rainha e faz extrema com S. Martinho do Porto (concelho de Alcobaça).
Partilha com S. Martinho do Porto, a ”Aberta” conhecida como “Concha de S. Martinho do Porto…” e apesar de não ser tão conhecida como esta, não deixa de ter uma identidade muito própria, devido às muitas diversas particularidades que tornam SALIR DO PORTO um local único…
Como esquecer a paisagem e a extraordinária “caixa de ar” que rodeia SALIR DO PORTO e que faz com que todos os que nos visitam, vão maravilhados com a sua pequena Praia e com os ademais locais propícios à prática de Desportos de Aventura, tais: Rappel, Escalada, Espeleologia e outros afins…
Não acredita!? Vejamos: A “Praia do Rio” que em tempos atrás foi navegável; a Duna de Areia maior da Europa, com mais de 100 metros de altura por 200…de comprimento; “Pocinha” que, segundo testemunhos dos mais antigos, a sua água possui diversos efeitos benéficos para a saúde; as antigas ruínas da Capitania e do ANTIGO PORTO DE MAR, as ruínas da ANTIGA CAPELA no alto do promontório, onde ainda não à muitos anos, se faziam romarias religiosas, com o fim de pedir a “protecção Divina” para as suas gentes que trabalhavam no Mar…; a “Praia dos Seixos” e as suas Falésias junto á “aberta” com locais extraordinários para a Prática de Escalada e Rappel; AS PEGADAS DOS DINOSSAUROS, e o Ex-libris desta terra; a GRUTA DE SALIR DO PORTO e outros.
Servida por boas estradas, a destacar a A8, esta simpática localidade, distante de São Martinho do Porto (02k), Caldas da Rainha (12 Km),Foz do Arelho (10 k), Leiria capital de distrito (50k), Nazaré (15k), Alcobaça (Benedita (15) (12k), Rio Maior (35k), Santarém (60k), e Lisboa (80), Salir do Porto tem a particularidade de ser uma pequena localidade onde todos os visitantes que preferem umas férias descansadas fora da azafama dos grandes centros, à paz e tranquilidade; não deixando no entanto por isso quase de tudo um pouco, a destacar; Alojamentos Rurais, Piscina, Discoteca, Snack-Bares, Restaurantes, Cafés, Clube Recreativo, Internet, Caixa Multibanco e Telefone Público.
Com tudo “isto”, só posso dizer mais! Venha de por um dos muitos motivos conhecer SALIR DO PORTO e não se arrependerá.
Nota BREVE: A gruta de Salir poderá ser visitada de forma limitada… por adultos e jovens a partir dos 10 anos de idade em Regime e Exploração e Aventura. Para mais informações, contactar: 913 538 427 ADN- Amigos da Natureza* Técnicas de Manobras em Cabo e Resgate
(M. António Eusébio)

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

PODER FATAL: com Alcobaça tudo se perde

Caldas da Rainha acolhe empresa inovadora de trabalhos subaquáticos

A «Gazeta das Caldas», na sua edição de 13 de Agosto de 2010, noticiava, no espaço “Vida Comercial”, o acolhimento e a instalação no município de uma nova “empresa tecnologicamente avançada, dedicada às inspecções e aos trabalhos subaquáticos com robots”.

Esta empresa, da iniciativa de dois jovens empresários portugueses, apresentou, antes, uma proposta à Câmara Municipal de Alcobaça (CMA) para se instalar em São Martinho do Porto, a qual não mostrou interesse no projecto. Ao invés, segundo a notícia, “nas Caldas da Rainha abriram-se-lhes as portas de uma forma que nem eles próprios imaginavam”.

Em nosso entender, tendo em conta a actividade desenvolvida e as características da terra, esta empresa poderia vir a ser uma enorme mais valia para a São Martinho ao nível das novas tecnologias ligadas ao meio-ambiente marítimo, do emprego, da divulgação da terra, entre outras.

A Freguesia de São Martinho do Porto apenas interessa à CMA enquanto espaço destinado ao betão, aproveitado ao milímetro, com todas as mais-valias (licenças, taxas, IMI’s, etc.) que daí resultam. Quem continua a aproveitar e a beneficiar desta situação?

terça-feira, 7 de setembro de 2010

ESTAÇÃO PARA TRATAR EFLUENTES SUINÍCULAS ESTÁ ATRASADA

Garantia da trevoeste à imprensa

A conclusão da estação de tratamento de efluentes suinícolas de São Martinho do Porto está atrasada um ano, disse o vice-presidente da Trevoeste, empresa de tratamento e valorização de resíduos pecuários, emdeclarações à Lusa, e citado em vários órgãos de comunicação social.
“A obra está suspensa este mês para férias, mas está a sofrer um atraso de um ano devido a diferendos com o consórcio construtor exclusivamente relacionados com questões técnicas”, afirmou àquela agência Pedro Alves, que se escusou a adiantar pormenores.
Pedro Alves reconheceu que a estação de tratamento deveria estar em funcionamento em junho do ano passado, recusando também dar um novo prazo para a conclusão do investimento, de cerca de 6,5 milhões de euros.

MUNÍCIPE DENUNCIA DESCARGAS ILEGAIS EM RIO

Serviço de protecção do ambiente da gnr investiga situação entre cela e alfeizerão

A denúncia partiu de Filipe Inácio, munícipe indignado com aquilo que assegura serem várias descargas de uma produção de suinicultura no afluente da Ribeira de Alfeizerão entre a Macalhona e a Junqueira. No
local, o REGIÃO DE CISTER comprovou a poluição e o mau cheiro provenientes da água.
“Já fiz várias denúncias à GNR, mas continua a haver as descargas para o rio”, refere Filipe Inácio.
O proprietário da suinicultura em causa já faleceu e os filhos estão emigrados. O negócio estará nas mãos de terceiros,que arrendaram o espaço. Apesar das tentativas, não foi possível ouvir a sua versão.
Fonte do Gabinete de Relações Públicas da GNR disse ao REGIÃO DE CISTER que o proprietário já foi identificado por aquela força de segurança, tendo os autos sido já enviados para os responsáveis, que terão agora de efectuar o pagamento de uma coima.
Hermínio Rodrigues, vereador do pelouro do Ambiente na Câmara de Alcobaça diz desconhecer a situação. O rio em causa desagua na baía de São Martinho do Porto. As descargas ilegais de suiniculturas continuam a ser uma realidade em algunsmunicípios do País. O do distrito que mais vezes foi notícia nos últimos tempos por essa situação foi Leiria, com prejuízos ambientais para o rio Lis.

texto ana ferraz pereira

domingo, 5 de setembro de 2010

MAIS UM "BANHO DE EFLUENTES" PARA A BAÍA DE SÃO MARTINHO DO PORTO



No passado sábado, dia 4 de Setembro de 2010, por volta das 14 h verificou-se mais uma "inundação" de efluentes domésticos em vários pontos: Cais, Avenida Marginal e Casal dos Medãos (como testemunham as fotografias em anexo). Fomos contactados por cidadãos locais, muito indignados com mais este atentado à Baía de São Martinho do Porto.
De imediato foram por nós alertadas as entidades competentes, locais e municipais, bem como a própria Polícia Marítima, que esteve no local.
A construção desenfreada, que em grande medida sustenta a Câmara Municipal de Alcobaça (CMA), continua a destruir o ambiente e o turismo locais. As infra-estruturas existentes não estão dimensionadas para tamanha falta de planeamento e ordenamento. Onde são aplicados os onerosos impostos municipais de águas e saneamento cobrados nesta localidade? Enquanto a CMA continua de taxas e licenças, a população de São Martinho continua a viver, directa e indirectamente, da baía.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

QUE PLANOS TEM PARA A LINHA DO OESTE?

GAZETA DAS CALDAS - Que planos tem para a linha do Oeste?

JOSÉ BENOLIEL - No curto prazo, vamos continuar a monitorizar a procura e a promover o serviço, tirando o máximo partido das condições actuais da infra-estrutura e do material circulante disponível. Manter a estratégia de parcerias com eventos locais, no presente caso com Óbidos, associando o transporte ferroviário aos eventos o que tem dinamizado a procura e a divulgação do serviço. E a divulgação de pólos de atracção naturais, como a Praia de S. Martinho do Porto com uma componente sazonal muito vincada, é outra estratégia que tem sido seguida.
Já a longo prazo, estamos a colaborar com a Refer no projecto de modernização da linha, no qual se estão a estudar cenários de exploração e de intervenções na infra-estrutura necessários, que permitam avaliar o montante de investimentos que permitam dotar a linha do Oeste de uma capacidade competitiva com outros modos de transporte.

GAZETA DAS CALDAS - Um upgrade no conforto do material circulante - uma vez que não consegue aumentar a velocidade - não poderia traduzir-se numa maior captação de clientes?

JB - Quando, por exemplo, o tempo de deslocação entre Lisboa e Torres Vedras de carro é de 30 minutos e o comboio demora o dobro do tempo, mesmo comparando com o autocarro que demora cerca de 45 minutos, dificilmente o upgrade no conforto se traduz numa maior captação de clientes que justifique o investimento. Hoje em dia, numa cidade como Torres Vedras que já apresenta um fluxo pendular significativo sobre Lisboa, os clientes do transporte público exigem tempo de deslocação baixo e frequência. De que adiantará melhorar o conforto se não é possível oferecer simultaneamente baixos tempo de deslocação e frequência de serviço?

GAZETA DAS CALDAS - A CP considera, então, que sem intervenção da Refer, sem mexer na infra-estrutura, não pode fazer melhor?

JB - É muito difícil fazer melhor, não só pela infra-estrutura, mas também pelo tipo de mobilidade existente na linha. No passado o caminho-de-ferro foi estruturante para a região, servindo não só os principais aglomerados populacionais, mas também todo um conjunto de pequenas povoações que existiam e cresceram ao longo da linha.
Todo o desenvolvimento rodoviário centrou-se na aproximação das grandes cidades, pelo que, para que o comboio possa competir com a auto-estrada, terá que ser frequente e directo. Mas para conseguir essa performance numa linha de via única, o serviço regional de curta distancia teria que ficar inviabilizado, deixando ao abandono povoações que continuam a apoiar-se no caminho-de-ferro. Ou seja, poderíamos fazer melhor, mas teríamos que abandonar o serviço de curta distância.
Compete ao caminho-de-ferro e aos governos investir para recuperar a "noiva"

GAZETA DAS CALDAS - A linha do Oeste já foi estruturante. Neste momento não é. As pessoas estão divorciadas da linha. Quem tem menos de 40 anos nem considera sequer que o comboio existe...

JB - A linha do Oeste, tal como a maior parte das linhas da rede ferroviária nacional, foi projectada e construída há mais de 100 anos. Nesse tempo, as linhas ferroviárias serviam para desbravar o país e praticamente como único meio de deslocação de média ou grande distância. Desta forma, não foi só a linha do Oeste, mas todas elas que foram estruturantes para as regiões em que se inseriam.
A partir dos anos 80 a motorização em Portugal aumentou significativamente ao mesmo tempo que foram construídas estradas e auto-estradas a ligar os principais centros urbanos.
Assim, os mais novos cresceram num mundo novo, onde o modo de transporte rodoviário foi sendo cada vez mais cómodo, rápido e exaustivamente aliciado por via da publicidade que os fabricantes de automóveis fizeram.
Eu diria que não ocorreu um "divórcio", mas outros "casamentos" de gerações que cresceram em ambientes completamente diferentes.
Compete ao caminho-de-ferro (e aos governos) investir para recuperar a "noiva", demonstrando-lhe as vantagens dos seus atributos em termos de ambiente, economia, segurança e conforto

GAZETA DAS CALDAS - Por que motivo a linha está partida ao meio, com transbordos nas Caldas, em vez de se considerar todo o eixo Oeste como um só corredor ferroviário que una Lisboa a Coimbra através de Torres Vedras, Caldas, Marinha Grande e Leiria? Não são cidades com mercado potencial interessante a rebaterem sobre Lisboa e Coimbra?

JB - Caldas da Rainha marca uma fronteira muito clara sob o ponto de vista da procura, em que existe uma redução muito acentuada do troço a Norte quando comparado com o troço a Sul. Esta separação é também visível pela oferta de comboios que também é mais reduzida entre Caldas da Rainha e Figueira da Foz.
Já a descontinuidade do serviço entre a norte e sul é essencialmente teórica. Na maior parte dos casos é a mesma automotora que efectua o serviço de continuidade correspondendo o tempo de paragem nas Caldas da Rainha a uma paragem técnica para assegurar as correspondências e cruzamentos.

GAZETA DAS CALDAS - Desculpe interromper, mas isso não é, de todo, verdade. Só há um único caso em que isso acontece. E é essa mudança de automotora que as pessoas não entendem e desencoraja o uso do modo ferroviário.

JB - Existem efectivamente alguns constrangimentos que dão a percepção de não continuidade, como sejam o reabastecimento de combustível e a limpeza que são efectuados nas Caldas da Rainha, bem como a acoplagem ou desacoplagem de unidades para circulação em múltipla.
São operações que, por motivos de segurança, obrigam em algumas situações que se efectuem sem passageiros a bordo criando um desconforto equivalente a um transbordo.
É claro que será sempre desígnio da CP que estas operações sejam efectuadas tanto quanto possível nas estações terminais, mas existindo a obrigação de uma paragem técnica que permita a operação, então esta será optimizada.
Aprofundando um pouco mais: a linha do Oeste é uma linha em via única, onde as estações que possibilitam o cruzamento de comboios não estão regularmente distribuídas ao longo da linha (impedindo uma optimização do serviço) e onde as correspondências em Meleças e na Bifurcação de Lares para as ligações a Lisboa e Coimbra condicionam os horários.
É claro que se poderia introduzir artificialmente a continuidade de serviço tornando os comboios mais lentos de forma a eliminar os tempos de paragem nas Caldas da Rainha, mas não foi essa a opção porque a procura da continuidade de serviço não era significativa ao ponto de sacrificar a centralidade das Caldas da Rainha como gerador de tráfego.

GAZETA DAS CALDAS - Como se podem entender essas dificuldades se a Refer afirma que a linha só tem 52% de taxa de ocupação?

JB - É importante compreender como se chega a essa "média estatística": a capacidade da linha é determinada para uma utilização intensiva de 20 horas diárias (quatro horas são reservadas para a manutenção da linha sempre que necessário). No entanto, ao longo do dia, só no início da manhã e no final da tarde é que a linha tem uma utilização maior, o que naturalmente vicia uma leitura apressada dessa média.
De facto, a capacidade excedentária existe, mas em momentos do dia em que não existe procura.
Mas deixe-me explicar aos seus leitores um pouco melhor as dificuldades da via única.
Se num troço de via única com três pontos de cruzamento consecutivos A, B e C em que o tempo de viagem entre A e B é de 20 minutos, e o tempo de viagem entre B e C é de 15 minutos, podemos alternar a circulação dos comboios entre A e B cada 20 minutos, ou seja teríamos um comboio em cada sentido de 40 em 40minutos, cruzando entre si nos pontos A e B cada 20 minutos.
Mas esta cadência obrigaria também ao cruzamento dos comboios no ponto C, que para se realizar (admitindo a continuidade da via única além deste ponto) imporia que o tempo de viagem entre B e C, apesar da menor distância, fosse também de 20 minutos, portanto mais lento, ou que os comboios no ponto C estejam 5 minutos em "paragem técnica" a aguardar o cruzamento.
Por isso mesmo, os actuais estudos de linhas ferroviárias de via única, novas ou de renovação, têm associado o projecto de exploração, com pontos de cruzamento optimizados e distâncias, medidas em tempo de viagem, regulares entre si, de forma a optimizar a exploração e os investimentos na infraestrutura.
AS UNIDADES DE NEGÓCIOS NÃO SÃO FEUDOS

GAZETA DAS CALDAS - A linha do Oeste é um feudo da CP Regional? O que decide que uma determinada linha seja também usada pela CP Longo Curso?

JB - Na CP não existem feudos, apenas unidades de negócio que de uma forma coordenada entre si tentam tirar o máximo partido das potencialidades de procura do serviço ferroviário. E no caso da linha do Oeste não existe procura suficiente para uma segmentação da oferta com dois tipos de serviço diferentes, Regional e InterCidades.

GAZETA DAS CALDAS - O que impede a CP de afectar ao Oeste a frota de Intercidades que estavam a fazer Évora e Beja? Tinham aqueles dois destinos mais mercado do que a totalidade das estações do Oeste?
JB - É verdade que o litoral apresenta um mercado potencial elevado com uma maior concentração de população, e isso é conhecido e repetido várias vezes, mas também não deixa de ser verdade que todo o litoral recebeu fortes investimentos em infra-estrutura rodoviárias e continua a receber.
A A8 está actualmente em obras de alargamento entre Lisboa e a Malveira, e já tem continuidade para Norte. Não se trata de potencial do mercado, mas sim da capacidade competitiva da ferrovia perante a rodovia. Voltamos por isso ao início da nossa conversa, em que toda uma geração cresceu à volta da rodovia e da liberdade da auto-motorização, a qual beneficiou o transporte público rodoviário, remetendo o serviço ferroviário, de eleição para o transporte de massas e de medias e longas distâncias para o serviço regional de baixa procura e curta distância. O que só vem justificar uma vez mais o desenvolvimento do projecto, que está a ser desenvolvido pela Refer com o apoio da CP, de modernização da linha ferroviária do Oeste.
GC - Pediu autorização à tutela para dar esta entrevista?

JB - Não. Não me sinto constrangido ao ponto de não poder dar uma entrevista a quem quer que seja. O que são precisos nas empresas são gestores e não pessoas com receio de tudo e mais alguma coisa.

Palavras-chave linha do Oeste presidente da CP José Benoliel