A única ligação directa entre a linha do Oeste e Coimbra (onde se podem apanhar os comboios da linha do Norte e da Beira Alta) está em risco de acabar se a CP executar na íntegra aquilo que tem previsto no seu Plano de Orçamento para 2011.
No documento a que Gazeta das Caldas teve acesso, a empresa – que está fortemente empenhada em cortar nos gastos em virtude da política de contenção orçamental – diz que vai “avaliar” a possibilidade de alterar o percurso dos Inter-Regionais que hoje fazem Caldas-Coimbra para Caldas-Figueira da Foz, terminando assim a ligação directa a outras correspondências.
A concretizar-se, isto significa uma inversão da estratégia assumida há quatro anos, quando a CP, através do seu vice-presidente Nuno Moreira, apresentou nas Caldas uma nova oferta que contemplava quatro ligações directas entre a linha do Oeste e a cidade de Coimbra (e respectivas ligações ao Norte e Beira Alta).
Em Dezembro do ano passado, inesperadamente, a CP cortou duas dessas ligações, sobrando apenas uma em cada sentido. E agora a intenção é acabar com o comboio que sai das Caldas às 16h20 e está em Coimbra às 18h23. Uma viagem de 2h03 horas, um pouco lenta, mas perfeitamente concorrente com a Rodoviária que demora 2h40 pois os Expressos não aproveitam integralmente a A8 e passam por Alfeizerão, S. Martinho, Nazaré e Marinha Grande.
Em relação ao transporte individual, a ligação ferroviária, que custa 9,55 euros é também preferível, sobretudo tendo em conta o preço do combustível e das portagens.
Ou seja, a CP tem vindo a retirar oferta na linha do Oeste precisamente no eixo em que é mais competitiva (Caldas – Coimbra), embora a baixa frequência (só uma ligação em cada sentido) e o desconforto das automotoras sejam desencorajadores do modo ferroviário.
Por outro lado, a CP teima em tratar mal as pessoas do Oeste ao instituir um tarifário absurdo que é um convite para não se viajar de comboio. Em vez de vender uma viagem entre uma origem e um destino, a empresa vai somando todas as etapas até ao fim, tornando os preços incomportáveis. Por exemplo, entre Bombarral e o Porto um bilhete pode custar 16,55 euros ou 20,95 euros consoante o número de comboios em que o passageiro for obrigado a viajar. Um exemplo: Bombarral-B. Lares (8,15 euros), B. Lares-Coimbra (1,80 euros) e Coimbra Porto (11 euros) somam um custo de quase 22 euros.
Desta maneira, a CP (que é único operador ferroviário, mas, pelos vistos, com muitas “mini CP” a complicarem) faz com que os seus clientes tenham muitos transbordos e paguem mais.
Em contrapartida, a linha do Oeste é uma das raras do país que no plano de contenção da CP não será afectada com cortes na oferta. O documento prevê a redução do serviço regional nas linhas do Douro, Minho, Beira Alta, Beira Baixa, Leste, Alentejo e Sul e contempla mesmo a extinção pura e simples dos comboios de passageiros no ramal de Cáceres (que serve Castelo de Vide e Marvão), Beja e Funcheira, e Setil e Coruche.
Deputados do PSD não respondem à Gazeta das Caldas
No dia em que uma comitiva de deputados do PSD realizou uma viagem na Linha do Oeste, entre Lisboa e Caldas da Rainha, a fim de chamar a atenção para o mau funcionamento deste eixo ferroviário, Gazeta das Caldas enviou para o mail pessoal da Assembleia da República de cada um destes parlamentares as seguintes questões:
1. Como explica que, em anterior proposta de um grupo parlamentar da oposição para a modernização da linha do Oeste, o PSD tenha votado contra?
2. Como explica esta visita do ponto de vista político, tendo em conta que o PSD, enquanto partido de poder, nada fez nos últimos 30 anos pela linha do Oeste, apesar de ter feito sucessivas promessas sobre a sua modernização?
3. Que propõe o PSD, em concreto, para a modernização da linha do Oeste?
Contudo, nenhum dos deputados (Miguel Macedo, Duarte Pacheco, Teresa Morais, Pedro Lynce e António Leitão Amaro) respondeu.
C.C.Carlos Cipriano